Falta de matéria-prima para a indústria madeireira e de papel e celulose é iminente

A produção de toras de pinus não está acompanhando a demanda por matéria-prima das indústrias madeireiras, de papel e celulose, painéis e toras, e falta de matéria-prima para a indústria é iminente.

Segundo estudos de mercado conduzidos pela Forest2Market (companhia global que fornece dados, análises e informações da cadeia de abastecimento para empresas fornecedoras de matérias-primas madeireiras, empresas que consomem madeira como matéria-prima em processos de fabricação e para aqueles que investem nessas empresas), percebe-se a tendência cada vez mais clara de alta demanda e queda na produção de toras de pinus, o que pode levar a um desequilíbrio no balanço entre oferta e demanda nos próximos anos.

Após uma preocupante queda nas exportações de produtos à base de madeira de pinus no Brasil em meados de 2011 e da crise que abalou o país entre 2015 e 2016, o mercado mostra sólidos sinais de recuperação.

A demanda por esses produtos teve um aumento significativo, graças à modesta recuperação interna e também à ampliação da exportação, resultado da valorização do dólar e do aumento de demanda nos países importadores.

Além disso, grandes e importantes empresas têm anunciado sua expansão industrial para os próximos anos, o que gerará aumento no consumo de matéria-prima.

Demanda de matérias-primas em vista da produção de toras de pinus
De acordo com projeção da Forest2Market baseada na análise dos dados da IBA -Indústria Brasileira de Árvores (associação que representa o setor de florestas plantadas para fins industriais e constituída pelas indústrias de celulose, papel, pisos e painéis de madeira), a demanda por pinus cresceu cerca de 15,4% em quatro anos, enquanto a produção de toras se manteve praticamente estável no mesmo período. Segundo um dos maiores experts da área no Brasil, Marcelo Schmid, diretor da Forest2Market do Brasil, há a tendência de queda na produção de toras de pinus, resultado da competição por terras agrícolas.

“A região sul do país, onde estão concentrados os produtores de pinus, não possui áreas disponíveis em grande extensão, o que faz com que o preço de terra seja extremamente elevado em certos locais e muitas vezes inviabiliza projetos florestais”, afirma.

O aumento nos preços de toras de pinus nos últimos anos confirma o fornecimento mais restrito desse material.

Segundo Schmid, a Forest2Market do Brasil observou um aumento recente nos preços de toras de pinus na classe de diâmetro mais procurada no mercado (18 a 25 cm).

Os preços deste material aumentaram quase 10% nos últimos quatro trimestres. Os preços do diâmetro de 25 a 35 cm também aumentaram: 20,8% desde o 1T2015, mais da metade (11,4%) nos últimos quatro trimestres.

Em médio prazo, o aumento também deve refletir na madeira de menor diâmetro, cujo preço tem caído nos últimos anos (queda de 5,7% desde o 1T2015).

“A disponibilidade de pinus de 8-18 cm também será afetada em breve, já que o consumo do principal segmento industrial que demanda esse tipo de madeira – celulose e papel – continuará na sua trajetória de 2013-2016, onde a produção aumentou 14,6%. Começamos a ver um ligeiro aumento nos preços nos últimos quatro trimestres, e acreditamos que isso continuará “, diz Schmid.

A demanda crescente é um fator positivo para a indústria, especialmente para as Timberland Management Organizations (TIMOs) (grupos de gerenciamento que auxiliam os investidores institucionais no gerenciamento de seus portfólios de investimento em madeira).

Consumidores de madeira que não têm seu próprio suprimento florestal serão desafiados pela oferta restrita de toras e preços mais altos, no entanto. Como as indústrias relacionadas à floresta representam 6% do produto interno bruto, a economia do país também será diretamente afetada pelo desequilíbrio entre demanda e oferta.

Para uma economia que emergiu da recessão em 2017 com um aumento de 1% no PIB e uma previsão para 2018 acima de 2%, as ramificações da discrepância entre demanda e oferta poderão ser significativas.

Fonte: SEGS