Walter Schalka abordou diversos assuntos, do movimento ‘Não Demita’ à solidariedade das empresas durante a pandemia
Na última quinta-feira, 16, o presidente da Suzano, Walter Schalka, concedeu uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em que falou sobre o movimento “Não Demita’, do qual a Suzano faz parte, o pacote de ajuda que o governo vai fornecer às empresas, previsões para a economia brasileira e doações durante a pandemia.
A Suzano faz parte de um grupo de empresas que lidera o movimento ‘Não Demita’. As empresas terão fôlego financeiro para atravessar esta crise?
A Suzano, desde o início, tomou uma atitude clara de não demitir, mas nós somos uma empresa muito privilegiada. Exportamos parte significativa de nossos volumes. Mas não posso fazer uma correlação com outras empresas que estão em momentos mais delicados. Achamos que é importante não demitir, mas entendemos aqueles que precisam fazer isso.
O governo lançou um pacote de ajuda para bancar a folha de pagamento de empresas, além da medida provisória de redução de jornada e salários. Isso ajuda a conter as demissões?
O governo federal acertou nesta MP. Isso permite uma flexibilidade de alternativas para o empresariado e trabalhador para que possamos sustentar o emprego. À medida que as coisas se encaminharem, as empresas vão preferir ficar com os trabalhadores porque elas vão ficar melhores após a pandemia.
O governo está jogando mais dinheiro na economia e, consequentemente, o país vai ficar mais endividado. Como reequilibrar as contas públicas?
Devemos aproveitar esse momento, usar a crise como oportunidade. Queria convidar o Executivo e o Legislativo para redesenharmos sistemas tão fundamentais do Brasil, com as reformas administrativa e tributária. Esse é um momento que podemos fazer a transformação acontecer e sairmos melhor na frente. Grande parte das empresas tem uma ação de redução de gastos. É o momento de o governo fazer isso e dar um salto de produtividade. Não devemos deixar para 2021.
Qual sua visão sobre o pacote de ajuda de R$ 50 bilhões a grandes grupos, como montadoras e companhias aéreas?
Acho que deve ser muito limitado. Não vejo necessidade de ajudar a todos os setores. Posso assegurar que o setor de papel de celulose não precisa de apoio do governo. O setor aéreo, que é crítico e estratégico, deveria ser apoiado. Mas não acho que montadora, em grande parte multinacionais, tenha necessidade de receber recurso barato do povo brasileiro. Vai ter um lobby geral para benefícios setoriais, mas o governo tem de ser muito seletivo nos benefícios a grandes empresas. É diferente da pequena, média e principalmente das microempresas. Essas sim precisam de apoio, é para elas que temos de olhar.
O FMI divulgou uma previsão de queda de mais de 5% no PIB brasileiro em 2020. Como o sr. vê essa piora das perspectivas?
Acho que essas previsões estão ainda muito otimistas. Os números serão ainda piores. Mas isso não é relevante, porque é um choque temporário que vai acontecer na economia global. O mais importante é o que vai acontecer depois. Nós vamos ter de reconstruir esse desenho pós-pandemia.
Suzano e outras empresas estão se mobilizando para doações. Como vê esse movimento?
É maravilhoso a solidariedade do setor privado no Brasil. Estamos vendo emergir o lado bom e positivo da solidariedade brasileira.
Fonte: Celulose Online