O número de brasileiros que procura emprego há mais de dois anos atingiu 3,3 milhões no primeiro trimestre de 2019 – isto representa um aumento de 42,4% em quatro anos. É o que revela a análise Mercado de Trabalho divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Mulheres – O estudo analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e demonstra que o desemprego de longo prazo afeta fortemente as mulheres. Segundo a pesquisa, 28,8% das desempregadas estão nessa condição há pelo menos dois anos. No caso dos homens o número é de 20,3%.
Regiões – Entre as regiões brasileiras atingidas estão o Norte e o Nordeste, que sofrem com o desemprego de longo prazo mais do que as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Jovens – Na análise de faixa etária, 27,3% dos desocupados com mais de 40 anos persistem na procura de trabalho, no mínimo há dois anos. O crescimento do desemprego é maior entre os jovens.
Trabalho – O Ipea ainda analisa os contratos de trabalho intermitente (temporário e esporádico) e jornada parcial (até 30 horas semanais), que somam 15,5% do total de empregos com Carteira assinada criados a partir da entrada em vigor da reforma trabalhista. Das 507.140 vagas de trabalho abertas de novembro de 2017 a abril de 2019, 58.630 foram de trabalho intermitente e 19.765 de parcial, com a preponderância dos setores de serviço e comércio.
Deterioração – Em entrevista à Agência Sindical, Maria Andréia Parente Lameiras, técnica de planejamento e pesquisa da diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, afirmou: “Esse é o pior retrato da crise econômica enfrentada no País e impacta mais os trabalhadores menos escolarizados e as famílias de menor renda”.
Uma das responsáveis pelo estudo, a economista acrescenta: “O mercado de trabalho está ainda muito deteriorado, mesmo que nos últimos meses se veja alguma reação. A crise dificulta a geração de mais empregos”.
Futuro – O estudo conclui que o mercado de trabalho brasileiro prosseguirá com altos contingentes de desocupados, desalentados e subocupados. Até o fim do ano se manterá a expectativa de uma recuperação gradual da ocupação e da renda média. A queda expressiva da taxa de desemprego é aguardada só para 2020.
FONTE: Agência Sindical