O presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, falou sobre os desafios da indústria de papel e celulose atualmente, após uma queda do dólar sobre o real e do recuo dos preços internacionais de celulose. “É uma indústria de alta turbulência e não podemos ser torcedores numa empresa. Temos que ter racionalidade”, disse Schalka, durante o evento Risi Latin Conference, que acontece em São Paulo.
Schalka lembrou que nos últimos nove meses diversos fatores externos impactaram o setor, como a desvalorização do dólar ante o real e a queda dos preços da celulose. Com isso, a geração de caixa operacional por tonelada caiu 50%. “A variação cambial e a queda do preço da celulose reduziram a margem e houve queda de 50% na geração de caixa operacional por tonelada, que é a base para analisar o retorno por tonelada empregado”, explicou o executivo.
Neste período, Schalka revelou que o retorno sobre o capital investido (ROIC) do setor foi de 21% ao ano para 10% ao ano. “Esse ROIC é insuficiente para fazer frente ao custo de capital médio das empresas”, declarou Schalka.
Na Suzano, o presidente lembrou que algumas medidas estão sendo tomadas diante desse desafio, como o alongamento da dívida e redução do custo financeiro, investimento industrial e diversificação do portfólio.
A Suzano divulgou no início do ano a meta de atingir em 2018 custo caixa de US$ 150 por tonelada e, em 2021, de US$ 125 por tonelada.
Preço da celulose
Atualmente, o preço da celulose é o menor em 20 anos, se trazido a valor presente, revelou Schalka, ao explicar que o principal motivo está na entrada em operação de novas capacidades.
Schalka lembrou que recentemente entraram em operação novas unidades de celulose, como a da CMPC celulose Riograndense, em Guaíba (RS); da Klabin, em Ortigueira (PR); e da Stora Enso, no Uruguai. “Esse volume fez com que o preço seja o menor dos últimos 20 anos, se pegarmos o valor há 20 anos e trouxermos a valor presente”, disse o executivo, lembrando ainda que novas unidades devem ser inauguradas nos próximos anos, como a da Fibria, em Três Lagoas (MS), e da Asia Pulp and Paper (APP), na Indonésia.
A própria Suzano inaugurou uma fábrica no final de 2013 em Imperatriz (MA), com capacidade anual de produção de 1,5 milhão de toneladas.
Diante da entrada em operação de novas fábricas de celulose e consequente recuo dos preços, Schalka reitera que a indústria precisa ser “redesenhada”. Segundo o executivo, fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) são uma das formas, mas não a única.
“O ajuste pode vir por M&A ou por fechamento de capacidades de quem não está preparado, tanto dentro como fora do Brasil”, disse Schalka, que acrescentou: “Temos que redesenhar a indústria, por M&A ou verticalização, mas tem que ser remodelado.”
Fonte: Celulose online