Segundo fontes com conhecimento do assunto, uma proposta para início de conversas já foi levada à Fibria pela Paper Excellence.
A Eldorado Brasil, produtora de celulose de eucalipto da J&F Investimentos e da Paper Excellence, e a Fibria, maior empresa do segmento no mundo, poderão combinar suas operações localizadas em Três Lagoas (MS), a partir da constituição de uma nova empresa
O que move uma fusão entre Fibria e Eldorado é poder capturar por ambos os sócios as elevadas sinergias industriais, florestais, comerciais e de logística que resultariam da união dos seus ativos em Três Lagoas. O montante desses ganhos poderia superar R$ 4 bilhões.
Procurada, a Fibria informou que não comenta o assunto e a Paper Excellence declarou que não procede a informação e que continua focada no processo de aquisição dos 53% restantes de ações da J&F na Eldorado Brasil.
Sócios da Fibria também avaliam potencial uma fusão da empresa com a sua concorrente no país Suzano Papel e Celulose
Segundo as fontes a Fibria e a Paper Excellence teriam participações diferentes na joint venture, que agruparia as duas linhas de produção da controlada de Votorantim e BNDES no município sul-mato-grossense e a linha única da Eldorado, que entrou em operação em 2012.
A união geraria uma fabricante apta a produzir quase 5 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano – à capacidade instalada de 3,25 milhões de toneladas da unidade da Fibria, em Três Lagoas, se somaria o 1,7 milhão de toneladas da Eldorado.
Em volume, a Fibria tem o dobro do tamanho da Eldorado, cujo controle – em processo gradual de transferência, com base nos números financeiros da Eldorado até setembro, somando a produção das duas empresas, seria criada uma companhia com receitas anuais acima de R$ 10 bilhões.
Na avaliação de uma fonte do setor, um potencial acordo societário com a Fibria dependerá, sobretudo, do valor atribuído aos ativos, especialmente à Eldorado. A Fibria foi uma das empresas que demonstraram publicamente interesse na concorrente quando a J&F sinalizou ao mercado a intenção de vender o negócio.
Mas não se dispôs a pagar o valor oferecido, por considerar o prêmio excessivo – analistas e outros produtores de celulose concordaram que o múltiplo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 11 a 12 vezes foi caro.
Segundo fontes da indústria papeleira, a abertura da Paper Excellence a um diálogo para unir as operações teria sido indicada à Fibria, via assessores financeiros, nas últimas semanas, após uma última tentativa de acordo de fusão por parte dos acionistas da Fibria e da Suzano Papel e Celulose.
A consolidação entre as duas principais companhias de celulose e papel do país é vista no setor como um fato certo – e tende a ocorrer mais cedo ou mais tarde.
Neste momento, alega a Paper Excellence, a meta é concluir a aquisição das ações da Eldorado. A Paper Excellence, que oficialmente tem sede na Holanda, detém 47,4% do capital. Tem até setembro para adquirir a fatia remanescente, mas o fechamento da operação pode ocorrer bem antes desse prazo.
Os 53% de ações, que ainda pertencem à J&F e ao ex-presidente da Eldorado José Carlos Grubisich, foram dados em garantia de empréstimos tomados pela fabricante de celulose da J&F. O processo de substituição dessas garantias seria, hoje, o principal entrave à conclusão da compra dessa fatia restante.
Fonte próxima à Fibria disse que a consolidação de ativos no setor segue nos planos da companhia e de seus acionistas e uma combinação com Suzano, a princípio, devido às dimensões das duas empresas, tenderia a trazer mais ganhos do que uma fusão com a Eldorado.
Mas, negociar com a Paper Excellence. não estaria descartado, porém as bases teriam de partir de valores considerados realistas, conforme a situação financeira dos dois ativos em questão.
Fonte: Valor Econômico/CeluloseOnline