“Para ter prosperidade por um ano, cultive grãos. Por dez, cultive árvores. E por 100 anos, cultive pessoas”. É difícil não se lembrar do pensamento do filósofo chinês Confúcio ao conhecer as histórias dos profissionais e companhias da indústria de papel e celulose no Brasil, muitas delas próximas do seu centenário, como é o caso da Klabin (117 anos) e da Suzano (92 anos).
01/08/2016 – O número de trabalhadores dessa indústria – responsável por 34% dos 7,74 milhões de hectares de árvores plantadas no Brasil – passa de 4,23 milhões, entre empregos diretos e indiretos. E a expectativa, seguindo na contramão da crise nacional, é contratar ainda mais. E a projeção do setor é investir 53 bilhões de reais em projetos no país até 2020.
Fatores como a alta do dólar, a grande demanda internacional (93% da produção local é exportada), a qualidade do produto e a produtividade no topo do ranking mundial (pelo menor ciclo de colheita que existe) justificam a bonança pela qual o setor passa no Brasil.
“A capacidade das empresas nacionais de produzir mais com menos, e em menos tempo, possibilita ao Brasil abastecer o mercado de forma mais rápida e a preços competitivos, trazendo impactos positivos aos produtos derivados dessa cadeira”, afirma Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), entidade responsável pela representação institucional da cadeira produtiva de árvores plantadas.
A situação nunca foi tão favorável para o setor no país e só não está perfeita, segundo Elizabeth, porque as empresas vinham operando havia anos com o dólar baixo. “Um passado ruim para a indústria que, hoje, está em recuperação”. Atualmente, o setor é responsável por 6% do PIB industrial do Brasil.
Cultivo de Gente
Em novembro de 2015, período em que profissionais de outros setores já enfrentavam as incertezas do cenário econômico do país, Thomás Balisteiro, de 35 anos, engenheiro florestal da Fibria – maior produtora mundial de celulose de eucalipto com quatro unidades de negócio no Brasil -, foi promovido a gerente-geral de operações florestais da planta de Mato Grosso do Sul.
Com a promoção, passou a ser o gestor responsável pelas operações florestais na fábrica de Três Lagoas, que passa por uma expansão para aumentar a sua capacidade de produção em 1,75 milhão de toneladas de celulose por ano, chegando a um total de 3 milhões de toneladas anuais.
“Hoje, são mais de 2 mil pessoas na área florestal de Três Lagoas e eu venho sendo preparado ao longo dos últimos anos justamente para liderar grandes equipes”, afirma Thomás, que participa com frequência de programas de desenvolvimento de líderes na companhia.
O projeto de expansão da Fibria, que planeja chegar a 3 mil postos de trabalho até o fim de 2017, prevê um investimento de 8,7 bilhões de reais e a criação de 40 mil empregos diretos e indiretos ao longo de toda execução da obra.
“A empresa tem dado preferencia à contratação da mão de obra local”, afirma Luiz Fernando Torres Pinto, diretor de desenvolvimento humano e organizacional da Fibria.
Segundo o executivo, mais de 1 mil pessoas da comunidade já foram contratadas e estão em fase de treinamento e capacitação, tanto na área florestal, quanto na industrial.
E essa não é só a realidade da Fibria. A Eldorado Brasil, quinta maior produtora mundial de celulose de fibra curta (matéria-prima de fraldas, papel-jornal e papel-moeda), está em processo de ampliação da sua unidade de negócio, também localizada em Três Lagoas, munícipio já popularmente conhecido como a “capital mundial da celulose”.
O plano é investir 9 bilhões na obra para aumentar a capacidade de produção em 2 milhões de toneladas por ano, superando os 4 milhões de toneladas anuais – montante que dará origem ao maior complexo industrial do Brasil, com previsão de iniciar sua produção no fim de 2018.
Pioneira na utilização de drones para mapear a topografia de suas florestas, a Eldorado é um dos empregadores mais atraentes para quem busca uma oportunidade de trabalho no setor.
“Atualmente temos cerca de 5 mil funcionários, e a nossa previsão é ter mais 6 mil pessoas atuando na segunda linha da unidade”, conta Elcio Trajano Junior, diretor de recursos humanos da companhia.
Os profissionais mais demandados pelo setor são das áreas de engenharia florestal, engenharia civil (para atuar na construção das novas plantas) e de finanças (que trabalhem com análise, planejamento e modelagem financeira), segundo o Fesap Group, empresa de recrutamento executivo com sede em São Paulo.
“Sem dúvida é um setor em alta no que diz respeito a carreira”, afirma Luana Maluf, sócia-consultora do Fesap.
Na Cenibra, empresa de Minas Gerais que foi reconhecida em 2015 pelo Guia Você S/A – As 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar como a campeã da categoria papel e celulose, as contratações dos colaboradores próprios vêm aumentando ano a no, passando de 3.748 em 2013 para 4.314 em 2015.
“Noventa por cento das posições de liderança são ocupadas por meio de um programa interno de gestão estratégica de pessoas”, diz Paulo Eduardo Rocha Brant, diretor- presidente da empresa.
Segundo ele, a iniciativa é uma oportunidade para os talentos da companhia chegarem a posições gerenciais.
Aumento de Responsabilidade
Um dos que têm se beneficiado do bom momento da indústria de papel e celulose é Vinicius Campos, de 39 anos, gerente comercial de cartões da Klabin em São Paulo. Em 2014, sua área de responsabilidade era somente no Brasil. Em 2015, ele passou a atender toda a América Latina. E neste ano, seu mercado de atuação chegou a países como Suécia e Estados Unidos.
Com formação em finanças e participação nos resultados da companhia, ele tem motivos de sobra para comemorar o crescimento do setor.
“Essa participação representa uma fatia significativa do meu salário anual: por volta de 35% da minha remuneração é variável”, diz Vinicius.
Um dos reflexos da expansão dos negócios da Klabin foi a recente inauguração – depois de 24 meses em obra – de sua nova fábrica de celulose, localizada no munícipio de Ortigueira, no Paraná. Com um investimento de 8,5 bilhões de reais – o maior em seus 117 anos de história – a nova unidade é responsável por 1.400 empregos diretos e indiretos.
Durante a construção, mais de 20 mil pessoas trabalharam nos canteiros – em um volume bem acima da metade da população do município, de 23 mil habitantes, o que explica por que a empresa faz brilhar os olhos de profissionais de outros setores.
No mês passado, em junho, a Klabin, maior produtora nacional de papéis do Brasil, ficou entre as 11 empresas mais atraentes para trabalhar, em lista realizada e divulgada pela rede social para profissionais LinkedIn.
“Estamos no radar de pessoas vindas de industrias como telecomunicações, bens de consumo duráveis e não duráveis, entre outras”, afirma Sergio Piza, diretor de gente e gestão da Klabin. É um daqueles poucos casos em que os profissionais podem acreditar, sem medo, que dinheiro dá em árvore.
Fonte: Celulose Online