Depois de registrar crescimento de quase 70% nos últimos cinco anos, as vendas de papel para fins sanitários – o chamado Tissue – devem crescer apenas 7% até 2020, segundo a consultoria Euromonitor Internacional.
No ano passado, esse mercado movimentou US$ 2,30 bilhões no país.
“A desaceleração no mercado brasileiro de papéis é consequência direta da deterioração das condições macroeconômicas. Por isso, esperamos que no curto prazo o setor apresente taxas muito modestas, voltando a crescer mais fortemente a partir de 2017”, afirmou o analista de pesquisa da Euromonitor, Elton Morimitsu.
A paranaense Sepac, dona das marcas Paloma e Maxim, começou a observar mudanças no perfil das encomendas no ano passado. “Percebemos, durante um breve período em 2015, uma migração do consumo de papel higiênico de folha dupla para simples. Mas logo depois houve uma retomada, o que nos leva a acreditar que o cliente final não conseguiu migrar para o papel de folha simples”, contou o gerente comercial da Sepac, Oswaldo Ramos Júnior.
O papel higiênico de folha dupla representa cerca de 70% das vendas da Sepac nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e o restante é folha simples. Durante o período de migração vista no ano passado, essa proporção caiu para 60%, mas já retomou os níveis regulares, disse o executivo.
Ele ressaltou que as embalagens maiores, com chamadas proporcionais, são os formatos que têm apresentado melhor desempenho no portfólio. Com a queda na frequência de compra nos supermercados, os brasileiros estão demandando embalagens maiores.
A consultoria Kantar Worldpanel verificou uma retração de 33% no volume de vendas de papel higiênico no Brasil de 2014 para 2015, como resultado da menor frequência da ida das famílias ao mercado. Esse recuo foi mais acentuado em embalagens de quatro a oito unidades de papel, informou a consultoria do DCI.
“Estamos vendendo embalagens de quatro rolos de papel higiênico para quem, mesmo depois da compra mensal, acabou precisando de mais produto. Além do brasileiro que mora sozinho, e por isso sempre compra pacotes menores, um segmento consolidado cuja demanda não muda”, disse o executivo da Sepac.
Já as vendas de papel toalha da paranaense continuam crescendo, destacou Ramos, atribuindo a expansão a tendência dos brasileiros em usar cada vez mais o produto para novos fins, como a limpeza doméstica. Para a compra de guardanapos, os brasileiros têm optado por adquirir produtos mais simples para o consumo diário e papéis de maior valor em datas especificas.
Custos
O analista da Euromonitor observa que, com o recuo da renda disponível das famílias, o preço tem ganhado cada vez mais relevância sobre a demanda, mas as fabricantes não deixarão de aplicar reajustes para recuperar as margens perdidas com a alta de custos.
“O Tissue no ano passado subiu cerca de 60% para a Sepac e, neste ano, as aparas usadas nos papéis de folha simples estão 40% mais caras”, citou Ramos. Depois de aumentarem média 10% o preço dos produtos no último ano, o reajuste da Sepac programado para outubro pode chegar a 12%.
Na avaliação do diretor da Anguti Estatisticas, Pedro Vilas Boas, as vendas de papéis tissue estão se estabilizando, mas não é possível afirmar se o movimento vai se consolidar como tendência. “Está havendo melhora nos custos de produção, permitindo uma melhora na rentabilidade”, contou ele.
Para o segundo semestre, a expectativa de Vilas Boas é uma leve alta nas vendas que ajude a compensar o desempenho ruim do início do ano. A produção de papel Tissue no país teve queda de 0,6% de janeiro a maio ante igual intervalo de 2015. No período, foram produzidas 461 mil toneladas, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ).
Fonte: Celulose Online